O universo é uma harmonia dos contrários.
Pitágoras (571 a C.).
É um sonho humano que o mundo fosse um lugar de paz, de delícias, um verdadeiro paraíso, um campo verde em flores, onde todos vivessem em harmonia, onde não existisse ambição, onde não houvesse disputas, nem traições, nem jogos de interesses, nem miséria.
Mas não estamos aqui para falar de ficção e talvez tenhamos na vida somente uns escassos momentos de paz com a família e com poucos amigos verdadeiros. O Nobel de Literatura, o escritor alemão Hermann Hesse, dizia que a paz é algo que não conhecemos, que apenas buscamos e imaginamos, que a paz é simplesmente um ideal.
Não é questão de ser pessimista ou niilista. Olhando os fatos de frente e sem ingenuidade e enquanto o mundo aí fora não for o que gostaríamos o que ele fosse, a realidade é essa constante batalha que se trava entre os homens, que experimentamos no nosso dia-a-dia, isso nos agrade ou não. O que existe concretamente é um mundo de combates infindáveis, de ambição, de violência, disputas, de recursos escassos, sem compaixão e onde é cada um por si e nem todos serão vitoriosos. Em nossas conversas, em nossas reflexões, todos nós concordamos que o nosso dia-a-dia é uma verdadeira guerra, uma batalha atrás da outra. Como muitos dizem, saímos de nossos lares de manhã e temos que “matar um leão por dia”.
Pois bem, então leia esse pequeno livro como uma declaração de guerra àquilo que é contra a tua realização e não se esqueça nunca de que não há vitória a não ser aquela que nós mesmos construímos.
Hesse ainda vaticinou que, certamente, têm razão aqueles que definem a guerra como estado primitivo e natural da humanidade. Enquanto o homem for um animal, viverá por meio da luta e à custa dos outros, temerá e odiará o próximo. A existência, portanto, é luta, com pequenos e efêmeros interlúdios de paz.
A não ser que você queira se iludir, não há escapatória. A vida é uma guerra e guerra é batalha, peleja, luta de interesses, disputas por objetivos, conflito entre opostos, eliminação do concorrente mais fraco. Às vezes isto pode desgostar, mas essa realidade crua deve ser enfrentada.
Nas palavras austeras do general prussiano Carl Von Clausewitz(1780), autor da obra Da Guerra, a guerra é, pois, um ato de violência destinado a forçar o adversário a submeter-se a nossa vontade.
Sobre o conflito que marca nosso universo, o filósofo grego Heráclito de Éfeso que viveu há 2.500 anos, também pregava que a guerra é a mãe de todas as coisas.
O antiguíssimo livro místico chamado Caibalion traz o Princípio da Polaridade e fala-nos que tudo no universo é duplo, que todas as coisas têm dois polos e, portanto, tudo o que existe tem seu oposto.
E, ainda outro livro sagrado que também trata dos opostos é o Rig Veda, o mais antigo dos Livros do Saber dos Vedas que se presume ter sido escrito há mais de 5.000 anos. É composto de textos sagrados – receitas mágicas, hinos, encantações, formas sacrificiais - que constituem o fundamento da tradição religiosa do bramanismo, do hinduísmo e da filosofia da Índia, também trazia já implícito essa verdade da dualidade das coisas cujo texto do “começo dos começos” dizia:
Não havia, então, nem o ser nem o não ser....
Não havia sinal de dia nem de noite......
Dividiu-se em duas partes.
Dessa forma, segundo essas antiguíssimas lições, todas as coisas que conhecemos no universo geram-se por meio de contrastes e somente a contenda entre os contrários que concorda consigo mesmo é harmonia.
A vida é um eterno duelo entre opostos.
Vemos essas verdades dialéticas tanto na física, na matemática como na biologia, também na sociologia, enfim, nas ciências modernas e em tudo o que existe a nossa volta.
Positivo-negativo, macho-fêmea, mais-menos, bem-mal, dia-noite, paz-guerra, leve-pesado, vida-morte, vencido-vencedor, deus-diabo, matéria-energia, corpo-alma, satisfação-frustação, feliz-infeliz, capital-trabalho, claro-escuro...amigo-inimigo. Enfim, poderíamos ficar aqui nos alongando ao infinito. Assim, estudar a guerra, de certa forma, é estudar o universo que nos cerca e a nós mesmos.
O que nos interessa tirar dessas antigas lições é que nossa vida também é feita de opostos e, portanto, uma constante contenda entre antagônicos. Aí o conceito de que nossa história é uma verdadeira luta, uma competição incansável pela sobrevivência.
Bem, o homem, como qualquer outro ser vivente, viverá, constantemente, por meio da luta e à custa dos outros. Não se iluda!
O Mestre Sun Tzu ensinou que a guerra é o campo onde a vida e a morte são determinadas, é a estrada que conduz à sobrevivência ou à aniquilação e deve ser examinada com muito cuidado.
Autor - Frnando César Gregorio - Editora Madras/SP